domingo, 27 de julho de 2014

IGUAL GELO NAS MÃOS


                                                                  


   Hoje está um dia ensolarado. É uma tarde de Domingo e ao contemplar seus rostos tão maduros, sorrindo, falando de negócios e de situações passadas, me pergunto:
“Onde eles estão?” Olho para cada rosto detalhadamente e sinto saudades deles. Eles não fazem ideia de quantas imagens, cenas e momentos me passam pela mente neste instante tão sublime. “Onde eles estarão nesse exato momento? Em qual estação desceram?

É uma sensação estranha, desconfortável , aterradora, maravilhosa... Não, não! É uma sensação de vitória. 
Espere! Ou será de perca?!
A verdade é que ainda não consegui definir esse sentimento...aquele momento em que tenho que admitir que a água evaporou...


Em não raros momentos tenho vontade de confessar para eles o quanto sinto sua falta. O quão difícil está sendo viver sem eles. Mas você sabe qual seria a resposta?
   - Mas estamos sempre aqui com você!
É obvio que eles nunca se deram conta de que são igual PEDRAS DE GELO. Somente poderão compreender-me quando alcançarem suas próprias pedras de gelo.


No freezer está uma caçamba de gelo. Já estão bem firmes. Podem sair de lá. Igual ao bebê no útero da mãe aos 9 meses.  Nesta estação ela tem controle total sobre ele.


Ao nascer, é igual pegar gelo na palma das mãos. É difícil, mas ela pode suportar a dor e os manter ali. Mas o próprio calor de suas mãos, faz com que o gelo comece a derreter. Quanto mais ela cuida do bebê, mas rápido ele cresce e vai para a próxima estação: A ESTAÇÃO CRIANÇA. 
Também dá trabalho e muita das vezes a deixa descabelada. MAS ELA AINDA TEM COMPLETO DOMÍNIO SOBRE ELA. Ela ainda pode segurar o gelo em suas mãos. É claro que a essa altura suas mãos já estão queimando, mas ela não desiste e tenta segurar as pedras com mais força.

Mas como o tempo não perdoa e nem respeita ninguém, vem uma estação chamada:PRÉ-ADOLESCÊNCIA.
 É nesta estação que ela percebe que o gelo não está tão solido quanto antes.  Os pais descobrem que seus bebes já não são mais bebes, mas seres humanos com vontades e desejos próprios. O menino já não quer aceitar que ela faça aquele penteado que o deixa parecendo um homenzinho. E a menina não aceita mais pôr aquele vestido tão lindo que ela mesma confeccionou com tanto amor...
Nesta fase eles começam reivindicar seus próprios gostos e interesses. 

Há uma percepção do que esta por vir, e um temor pela próxima estação. E dentro deste trem chamado vida, ela ouve o alarido do auto falante gritando o nome dela!
   -“ESTAÇÃO ADOLESCÊNCIA“ Pedimos por gentileza que mantenha a calma, respire fundo e conte com a ajuda de Deus para passar por ela!

É nesta estação que ela se dá conta de que o gelo está derretendo em suas mãos e escorrendo entre seus dedos.
   Engana-se quem pensa que apenas eles, os adolescentes ficam confusos nesta fase. Os pais ficam em pânico (pode ser este o motivo de ficarem tão ranzinzas com os filhos nesta estação. Aqui para nós, isso não passa de uma forma de defesa onde escondem seu medo de perder seu bebê.)

Na ESTAÇÃO DA MOCIDADE já é visível que todo o gelo derreteu e os últimos vestígios de água estão escorrendo de suas mãos. Nesta fase ela sente que precisa desesperadamente de algo que possa garantir sua ligação com eles. É aí que ela estreita seus laços com Deus. Pois reconhece que Ele é o único que pode garantir seu contato com eles 24 horas por dia.


Nesta ultima ESTAÇÃO a água evaporou. tornaram-se ADULTOS.

Mas como água que evapora geralmente retorna em forma de chuva, assim são eles. Geralmente nos finais de semana e feriados cai uma tempestade em seu lar e ela se alegra recordando momentos de quando eles ainda eram gelo...


E nesta tarde de Domingo, olhando para minhas seis pedras de gelo. Sinto saudades deles em todas suas fases. E é neste momento que as vezes entro no meio da conversa delas, chamando a atenção para uma foto antiga ou um fato engraçado de quando eles ainda eram crianças. 
E sorrateiramente, não deixo que percebam que esta é a forma que tenho de dizer-lhes que os amo e que eles para mim nunca deixaram de serem minhas PEDRAS DE GELO... 
MEUS BEBÊS....  (Autora: Marinice Alves Cardoso)



Finalmente! Consegui reunir todos os meus filhos em uma só foto! É difícil poque a ninhada é grande! rs











                                           Na Paz, Marinice Alves



Um comentário:

Anônimo disse...

Umas das maiores verdades que já sobre mães e filhos o medo está na porta o tempo todo se podesse colavamos eles em uma caixinha e com todo carinho do mundo